Matriz energética brasileira se destaca no cenário mundial por sua renovabilidade

A energia é um recurso fundamental para a sociedade moderna. Ela move indústrias, fábricas, escolas, hospitais, comércios e ilumina residências. As diversas fontes geradoras, como hidrelétricas, solar e eólica, compõem a matriz energética, responsável por suprir a demanda total de eletricidade dos consumidores. 

Mas você sabe o que é a matriz energética? Neste texto, explicamos o seu funcionamento e a sua importância para um país de proporções continentais como o Brasil. 

O que é matriz energética? 

Matriz energética é a combinação de recursos ou fontes de energia, sejam elas renováveis ou não renováveis, ofertadas em quantidade total no país e utilizadas para suprir as diferentes demandas dos segmentos comercial, industrial e residencial.  

 Em relação a outros países, o Brasil se destaca por ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo pelo uso majoritário de fontes renováveis como hidrelétricas, eólica, solar e biomassa. 

Matriz energética no Brasil 

Como mencionamos acima, o Brasil possui um leque de opções mais diversificado quando comparado ao de outros países – o que contribui para um sistema energético mais sustentável e resiliente. 

Aliás, a diversificação da matriz energética no Brasil deve ser destacada, pois reduz a dependência de uma única fonte de energia e contribui para a segurança energética do país. Outro ponto importante é que o número maior de fontes renováveis insere o país em uma posição vantajosa em termos de sustentabilidade e redução de emissões de gases de efeito estufa. 

No entanto, apesar dessa matriz energética diversificada, há desafios que precisam ser enfrentados, tais como a necessidade de expansão da infraestrutura para permitir o crescimento das fontes renováveis e a gestão dos recursos hídricos, especialmente em períodos de seca.  

Números da matriz energética 

O Balanço Energético Nacional 2024 destacou que a oferta interna de energia (total de energia disponibilizada no país) cresceu 3,6% em relação ao ano anterior. A publicação ainda informou que a participação de renováveis na matriz elétrica subiu para 89,2% com destaque para a disponibilidade de energia hidráulica, o crescimento da geração eólica e solar fotovoltaica e a redução da geração por gás natural e derivados de petróleo.  

O principal destaque do estudo é o aumento expressivo da oferta de biomassa e das fontes eólica e solar, que contribuíram para que a matriz energética brasileira aumentasse sua renovabilidade para 49,1%. Esse percentual é muito superior ao observado no resto do mundo, que é inferior a 15%.

O ano de 2023 também marcou um grande crescimento da fonte solar, que adicionou 13 mil MW à produção nacional, representando um acréscimo de 54,8% em comparação com o ano anterior. A potência dessas fontes totalizou 37,8 mil MW. 

Fontes renováveis 

Hidrelétrica: Essa é a principal fonte de energia elétrica, com 58% da capacidade instalada do Sistema Interligado Nacional (SIN). A modalidade hídrica forneceu 50 mil megawatts-médios MWm), um aumento de 1,2% em relação a 2022.  

Biomassa: Em 2023, segundo o Ministério de Minas e Energia, 4,6% de toda a eletricidade consumida no SIN foi obtida por meio dessa fonte. Composta por matéria orgânica vegetal ou animal usada como fonte de energia em usinas termelétricas, essa fonte se caracteriza por empreendimentos que geram energia a partir do calor.   

Eólica: Também conhecida como a energia gerada pelos ventos. Essa fonte de energia é bastante significativa no Nordeste brasileiro. Dados do Ministério de Minas e Energia de 2023 apontam que existem 969 usinas eólicas em 14 estados com registro no SIN, representando mais de 27 gigawatts (GW) de capacidade instalada do país.  

Solar: A energia solar tem grande potencial devido à alta incidência solar em grande parte do território brasileiro. A instalação de painéis solares tem crescido tanto em grandes usinas solares quanto em sistemas distribuídos em residências e empresas.  

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Fontes Não-Renováveis 

Gás Natural: Apesar de emitir menos gases poluentes na atmosfera quando comparado a outros derivados de petróleo, algumas características tornam inseguro o uso do gás natural para a utilização doméstica e veicular, como a sua inflamabilidade e a produção de componentes tóxicos, como o monóxido de carbono (CO). Os dados divulgados pelo BEN 2024 revelam que o gás natural possui 9,6% de participação no mercado nacional. 

Petróleo e derivados: Esse tipo de combustível é um recurso natural não renovável e não possui capacidade de regeneração, sendo, assim, finito. Seus derivados incluem gasolina, óleo diesel, querosene, plástico e asfalto. O BEN 2024 também revelou que a participação dessa fonte caiu de 39,2% em 2014 para 35,1%, em 2024. 

Carvão Mineral: Com participação menor na geração de energia elétrica no Brasil, esse recurso é utilizado, principalmente em termelétricas. Ele é produzido por meio de um processo natural, a carbonização, quando restos vegetais que estão há séculos em locais pantanosos, se transformam em rochas de alto poder energético. A combustão dessas rochas libera uma quantidade significativa de calor, aquecendo a água em uma caldeira e produzindo vapor que aciona turbinas que movimentam geradores, convertendo esse movimento em energia elétrica. 

Nuclear: Essas usinas contribuem com uma parcela relativamente pequena na geração de eletricidade no país. Além de Angra 1 e Angra 2, está atualmente em construção a Usina Angra 3. A produção de energia nessas usinas é realizada por meio da fissão do átomo de urânio, que é a principal técnica empregada globalmente para esse fim. 

Diversificação da matriz energética 

Antes de qualquer citação sobre os benefícios da matriz energética, é importante salientar o quanto a diversificação é essencial para enfrentar os desafios relacionados às demandas do setor elétrico. 

Diversificar a matriz energética significa pensar em alternativas para suprir as necessidades de uma sociedade cada vez mais “elétrica”. Isso porque a maior parte da energia consumida no Brasil é originada de usinas hidrelétricas, que apesar de serem fontes renováveis, dependem da chuva para que os níveis dos reservatórios se mantenham cheios e produzam eletricidade por meio das turbinas. 

No entanto, quando a demanda é insuficiente, as termelétricas, que geram energia por meio da queima de combustíveis fósseis, são acionadas – o que significa aumento de emissões de gases do efeito estufa e encarecimento do insumo. 

Logo, a diversificação permite utilizar a energia solar, eólica e biomassa que garantirão segurança, inclusive nos períodos de estiagem, quando as hidrelétricas reduzem as suas produções.   

Independência de importações e autonomia 

Uma matriz energética diversificada e bem equilibrada traz vários benefícios, incluindo, a segurança energética, uma vez que a diversificação reduz e dependência de uma única fonte e evita os riscos de interrupções e outros problemas como as flutuações de preços. 

A sustentabilidade ambiental também é outro importante benefício já que a incorporação de fontes renováveis diminui a emissão de gases de efeito estufa e, de quebra, contribui para a mitigação das mudanças climáticas. 

Uma boa matriz energética diversificada é sinônimo de economia, pois o conjunto de fontes protege o mercado contra a volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis e diminui os custos de importações de energia. Além disso, países com suas próprias fontes de energia renovável conseguem reduzir a dependência de importações, aumentando sua autonomia e resiliência econômica. 

Vale destacar que a diversificação da matriz energética pode melhorar o fornecimento de energia em regiões remotas ou de difícil acesso, onde a extensão da rede elétrica tradicional é inviável. 

Matriz elétrica X matriz energética 

Enquanto a matriz energética se caracteriza pelo conjunto de fontes, sejam elas renováveis ou não renováveis, ofertadas em quantidade total no país e utilizadas para suprir às diferentes demandas, a matriz elétrica diz respeito apenas às fontes empregadas na geração de energia elétrica no país, ou seja, são os recursos utilizados para a produção de eletricidade 

Segundo os dados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em março de 2024, o Brasil atingiu a marca de 200 gigawatts (GW) de potência centralizada, sendo 84,25% de fontes renováveis, 15,75% de fontes não renováveis e 1% nuclear).  

O Brasil se destaca no mundo inteiro como um dos países mais sustentáveis na produção de eletricidade, com uma matriz elétrica composta principalmente por fontes renováveis: hídrica (55%), eólica (14,8%) e biomassa (8,4%). Entre as fontes não renováveis, as maiores são gás natural (9%), petróleo (4%) e carvão mineral (1,75%).   

Fontes: Aneel, Ministério de Minas e Energia, Gov.br

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